no rio de janeiro
outros cantos,
de maria valéria rezende
na estação das letras
clarice: uma aprendizagem,
por josé castello
Nesse curso,
através da leitura e do debate de alguns textos breves de Clarice Lispector, pretende-se, modestamente, refazer seu próprio
percurso. Seguir, ao pé da letra, suas lições: escrever (ler) para ir além da
escrita (da leitura). No fim, é sempre da própria vida que se trata. A leitura
dos relatos de Clarice ajuda a expandir nossa visão do mundo, a lidar com ele —
e com nós mesmos — com mais liberdade, em consequência, ajuda a viver — e a
respirar — melhor.
Guimarães Rosa disse, certa
vez, que lia Clarice Lispector "para
viver". Os leitores, em geral, costumam esperar dos livros de Clarice
muito mais do que uma simples experiência de prazer estético. Não só esperam mais,
eles encontram mais. O que encontram? Falando de Clarice, Otto Lara Resende
tentou resumir: "Não se trata de literatura, mas de bruxaria". Maior
especialista europeia na obra de Clarice
Lispector, a francesa Hélène Cixous
já garantiu, ao contrário, que Clarice não fez literatura, "mas filosofia".
É sempre muito
difícil determinar o lugar — e mesmo o status — da literatura de Clarice Lispector. Trata-se, antes de
tudo, de uma escrita de fronteira, libertária e indomável, que faz uso das
palavras para interrogar temas e questões que em muito as ultrapassam. "Escrevo
para chegar detrás de detrás do pensamento", a própria Clarice definiu
certa vez. Uma literatura, portanto, que pretende perfurar as palavras e rasgar
a linguagem. Que abandona e repudia todos os protocolos intelectuais e toda a "vida
literária". Que inclui, sempre, aspectos desprezados pela "grande
literatura", como os sentimentos, os devaneios pessoais e a intuição.
Interessada, apenas, em encontrar o que as palavras escondem. O que, exatamente?
Voltamos a Guimarães Rosa: a própria
vida. O que poderia ser mais?
Livro de
referência: A descoberta do mundo,
reunião das crônicas de Clarice Lispector, editada pela Nova Fronteira em
1984. Há uma reedição recente com o selo da Rocco.
José Castello – Escritor e
crítico literário do suplemento "Prosa", de O Globo. Autor, entre
outros, de As melhores crônicas de José
Castello, volume organizado e prefaciado para a Global Editora pela crítica
literária Leyla Perrone Moisés no ano de 2003. É, ainda, cronista regular do
site "Vida Breve" [www.vidabreve.com.br], no qual publica as crônicas
das terças-feiras.
Dias 16, 18, 23 e 25/02 (terças e quintas-feiras) das
16h às 18h | Carga horária: 8h | 2x R$ 225,00 | Taxa de matrícula: R$ 50,00
As inscrições
estão abertas pelo tel.: (21) 3237-3947.
A Estação fica na R. Marquês de Abrantes, 177, Flamengo.
na web
cepe lança a segunda edição do
prêmio nacional de literatura
Da esquerda para a direita: Marco Polo (superintendente
de produção),Ricardo Leitão
(diretor-presidente) e Ricardo Melo (diretor de produção e edição). Foto de Rafael
Chagas/Cepe
Concurso distribuirá um prêmio total de R$ 80 mil
Considerado um
dos principais concursos literários do país, o Prêmio Nacional Cepe de Literatura terá o edital de sua segunda
edição disponibilizado no dia 12 de
fevereiro de 2016, pelo endereço www.cepe.com.br.
Em entrevista
coletiva realizada na Companhia Editora
de Pernambuco (Cepe), o
diretor-presidente da Cepe, Ricardo
Leitão, informou que, com exceção da ampliação do prazo de inscrição — que
irá de 1º de março a 15 de junho —,
o edital adotará os mesmos critérios do da edição anterior do prêmio.
Como na primeira
edição, o concurso distribuirá um prêmio total de R$ 80 mil, sendo R$ 20 mil para os primeiros lugares de cada
categoria: romance, conto, poesia e literatura infantojuvenil. Cada concorrente
só poderá se
inscrever em apenas uma das quatro categorias.
Lançado em 2015,
dentro das comemorações dos 100 anos da Imprensa Oficial de Pernambuco, o
prêmio, e sua primeira edição, contabilizou 579 inscrições, oriundas de quase
todos estados brasileiros. Também se inscreveram brasileiros residentes em
outros países, como Portugal, Chile, Estados Unidos e Holanda.