no rio de janeiro
o rio de mário, rubem e joão
curadoria selma caetano
Máquina de escrever de João Antônio | acervo de família
Mário Lago, Rubem Braga e João Antônio, três dos principais cronistas brasileiros que tiveram
o Rio como cenário em suas obras, se reúnem na exposição histórica O Rio de Mário, Rubem e João
A ocupação
gratuita começou em 20/07 e vai até 13/09, com fotos, objetos pessoais,
vídeos, canções, crônicas, bar temático. Na estreia, houve palestra com os
pesquisadores Rodrigo Lacerda, José Castelo e Maria Lúcia Rangel
Três cenários,
vivências e percepções do Rio de Janeiro traduzido em crônicas. A inédita
exposição O Rio de Mário, Rubem e João apresenta
uma abrangente pluralidade sobre as crônicas de Mário Lago, Rubem Braga
e João Antônio, o que a torna um
marco na cultura nacional. Três dos principais cronistas brasileiros que
possuíam visões absolutamente distintas da cidade e que sempre tiveram uma
relação de amor e desalento com a ex-capital da república, que completa 450
anos. Contornada entre matas e praias e com contradições explícitas, os cenários
transcritos para as obras se destacam pelo antagonismo entre os três. Enquanto
o lirismo de Rubem Braga enxerga a
cidade com romantismo, Mário Lago
retrata a boêmia com passionalidade e João
Antônio, por sua vez, mostra o submundo e se debruça sobre a face mais
underground do Rio. Essas oposições são latentes na exposição gratuita que
inaugura no próximo dia 20/07, às 19 h, no Arte Sesc, com curadoria de Selma Caetano. A exposição fica no
palacete cultural até 13/09, de terça a sexta, das 10 h às 19 h e, aos
sábados e domingos, das 10 h às 17 h.
Em seis salas com
uma impressionante arquitetura, a ocupação se divide em vídeos, espaços
temáticos e referências literárias para contar a história dos saudosos
cronistas. Na entrada, grandes autorretratos dos três convidam para um mergulho
na visão dos escritores a partir dos bairros em que viviam. Rubem Braga, do alto de sua cobertura
de Ipanema, retrata um Rio abundante e solar, com majestosas amendoeiras,
pássaros coloridos e um convidativo mar azul. No entanto, ele não deixava de
ver os problemas da cidade e tinha uma visão cruel de Copacabana, como mostra
em seu lamento apocalíptico Ai de ti
Copacabana!, de 1957, quando profetizava que o bairro seria invadido pelo
mar.
Na contramão
dessa visão estética da cidade, João
Antônio, morador de Copacabana, mais especificamente da Praça Serzedelo
Correia, era uma espécie de intérprete do submundo, das suas mazelas e dos
personagens marginalizados dos guetos e ruas. Órfão de qualquer romantismo, ele
dominava uma linguagem elaborada e malandra, quase única na literatura
brasileira. Muitas de suas crônicas nasceram de uma relíquia exposta na mostra:
sua fiel máquina de escrever.
O espírito boêmio
da cidade é retratado pelas obras de Mário
Lago, nascido e criado na Lapa. Ele era um comunista fervoroso e com uma
intensa atuação política, clara em suas crônicas. Fluminense doente, Mário também
foi ator, diretor, radialista e compositor do clássico Ai que saudades da Amélia, em parceria com Ataulfo Alves; e da
marchinha de Carnaval Aurora.
Personagem representativo do universo boêmio, sempre presente em suas crônicas,
Mário tinha uma curiosidade: só bebia água mineral. Atravessava madrugadas
apenas com cafezinho e uma garrafa de água. E se descrevia com frequência: "Sou
marxista comunista autônomo", "Eu nasci inconformado. Sou
vocacionalmente rebelde" e "Sou endocrinologicamente carioca".
Ao longo da
exposição, três vídeos retratam os cenários em que viviam os cronistas. Outros
três representam a essência da obra de cada um. O curta Joãozinho da Babilônia, título homônimo do conto de João Antônio, mostra como a mudança do
escritor paulistano para o Rio teve um grande impacto em sua literatura. Ele se
passa em Copacabana, com locução do ator Marat
Descartes e atuação de Daniel Pedro
Ferreira, filho de João Antônio.
No vídeo que retrata Copacabana, cenas entremeadas por depoimentos de pessoas
que conviveram com João Antônio,
como o escritor Antônio Torres e o zelador
do prédio onde morava. Marat Descartes
também narra a crônica filmada de Rubem
Braga, Homem do Mar, baseada na
obra homônima e adaptada por Selma
Caetano, que assina o roteiro dos dois vídeos. Na sala de Mário Lago, entrevistas sobre o artista
em monitores e o vídeo Cidadão
Fluminense, que denota a paixão do escritor pelo time carioca.
Na última sala da
exposição, uma surpresa e deleite para os visitantes. A ambientação de um bar
tradicional dos anos 60, com balcão, mesinhas e muita diversão. No lugar das
bebidas, dezenas de livros dos cronistas. Nos cardápios, frases e crônicas,
além de fac-símiles de matérias e textos publicados em diversos jornais do
século passado para estimular a embriaguez na literatura.
A exposição faz
parte do projeto idealizado pelo Sesc
de três grandes exposições de consagrados cronistas que retratam o Rio em suas
obras. A primeira ocupação foi O
Cronista Graciliano no Rio de Janeiro, sucesso de público e crítica, que
inaugurou em 9 de março e foi prorrogada até o dia 31 de maio. Após a exposição
O Rio de Mário, Rubem e João, o Sesc
realiza mais uma mostra do gênero até o fim de 2015, em comemoração aos 450
anos da cidade.
O Rio de Mário, Rubem e João – Arte Sesc
Rua Marquês de Abrantes, 99 - Flamengo
Tels.: (21) 3138-1582 | 3138-1634
Data: de 20/07 a 13/09
Horário: de terça a sexta das 10 h às 19 h, sábados e
domingos das 10 h às 17 h
Preço: gratuito
Classificação: livre
Realização: Sesc
oficina sobre romance
na estação das letras:
guiomar de grammont
guiomar de grammont
Oficina
gratuita com Guiomar de Grammont faz
a passagem do primeiro
para
o segundo semestre na Estação das Letras
Romance
será tema da conversa que tem vagas limitas
e
acontece no Museu da República
Reconhecida como
importante divulgadora da literatura brasileira em outros países, com atuação
este ano como curadora da programação brasileira no Salão do Livro de Paris, a
historiadora, escritora, dramaturga, produtora cultural e filósofa Guiomar de Grammont tem a tarefa de
encerrar a grade de aulas do primeiro semestre do ano na Estação das Letras, de
Suzana Vargas, com a oficina gratuita Como
se faz um romance: da Escrita à publicação.
As aulas serão
nos dias 28 e 30 de julho, das 18h30 às 20h30, no Museu da República (Rua do Catete, 153). Guiomar vai cruzar a
experiência que tem como editora e escritora para contar todos os passos da
estruturação e da escrita de um romance, dando dicas e sugestões sobre como
publicá-lo e divulgá-lo.
O objetivo é ajudar
quem está nesse ramo a alcançar mais leitores.
As inscrições
estão abertas aqui: www.estacaodasletras.com.br e pelo tel.: (21) 3237-3947. As
aulas serão na Marquês de Abrantes, 177, no Flamengo.
conto e biografia
na estação das letras
Conto e Biografia são temas de cursos na grade
de agosto da Estação das Letras: Paulo Scott, Claudia Lage, Jair Ferreira
dos Santos são os professores do primeiro tema e Guilherme Fiúza, Claudio
Aguiar e Regina Zappa, do
segundo. As inscrições estão abertas aqui: www.estacaodasletras.com.br e pelo
tel.: (21) 3237-3947. As aulas serão na Marquês de Abrantes, 177, no Flamengo.
A arte do conto – Técnicas Personalizadas de trabalho
O conto como
gênero será esmiuçado através da marca que cada escritor imprime na concepção
de seus textos.
10/08 – Paulo Scott – Autor de Habitante irreal, livro vencedor do
Prêmio Fundação Biblioteca Nacional 2012; Ainda
orangotangos, adaptado para o cinema por Gustavo Spolidoro (o
longa-metragem foi vencedor do 13º Festival de Cinema de Milão); além de Voláteis; Ithaca Road e mais quatro livros de poemas, sendo um deles em
coautoria com o cartunista Laerte.
Também é tradutor e colaborador de revistas, jornais e suplementos de cultura
do país.
17/08 – Claudia Lage – Formada em Letras e em
Teatro. Mestre em Estudos de Literatura. Publicou, entre outros, A pequena morte e outras naturezas e Mundos de Eufrásia (finalista do Prêmio
São Paulo de Literatura 2010, na categoria Romance Estreante). Autora da
telenovela Lado a Lado (Prêmio Emmy
Internacional 2013). Escreve para o jornal Rascunho.
24/08 – Jair Ferreira dos Santos – Poeta,
ficcionista e ensaísta, ganhador do prêmio APCA. Autor de A inexistente arte da decepção e de Cybersenzala (contos), entre outros.
quintas-feiras | das 19 h às 21 h | carga horária:
6h/aula | 2x R$ 200,00 | taxa de matrícula: R$ 30,00
A Biografia ou Como Escrever Sobre os Outros
Nestes três
encontros com biógrafos de perfil diferenciado, os participantes aprenderão
técnicas de trabalho, de pesquisa e de linguagem que poderão ser úteis no
momento de escrever seus textos, biográficos ou não. Também serão abordadas as
diferenças entre perfil e biografia, biografia ficcional e histórica.
13/08 – Guilherme Fiúza – Jornalista, autor da
biografia de Reynaldo Gianecchini, Giane:
Vida, Arte e Luta (Ed. Sextante), além de outras biografias como Meu nome não é Johnny (Record) e Bussunda — A Vida do Casseta
(Objetiva).
20/08 – Cláudio Aguiar – Ficcionista,
dramaturgo e ensaísta. Autor de Francisco
Julião: uma biografia (prelo da Editora Record). Escreveu também os
romances Caldeirão, A volta de Emanuel, A corte celestial, Os anjos vingadores, Lampião
e os meninos e Sombra: o menino que
não devia chorar. É autor de cerca de dez peças teatrais, destacando-se
entre elas Suplício de Frei Caneca.
27/08 – Regina Zappa – Jornalista, escritora,
roteirista e professora universitária. Trabalhou na imprensa carioca e, por
mais de 20 anos, no Jornal do Brasil. Publicou, entre outros, Para seguir minha jornada: Chico Buarque e
Gilberto bem perto.
quintas feiras | das 19 h às 21 h | carga horária:
6h/aula | 2x R$ 200,00