26 de jul. de 2015

no rio de janeiro
o rio de mário, rubem e joão
curadoria selma caetano


Máquina de escrever de João Antônio | acervo de família

Mário Lago, Rubem Braga e João Antônio, três dos principais cronistas brasileiros que tiveram o Rio como cenário em suas obras, se reúnem na exposição histórica O Rio de Mário, Rubem e João

A ocupação gratuita começou em 20/07 e vai até 13/09, com fotos, objetos pessoais, vídeos, canções, crônicas, bar temático. Na estreia, houve palestra com os pesquisadores Rodrigo Lacerda, José Castelo e Maria Lúcia Rangel

Três cenários, vivências e percepções do Rio de Janeiro traduzido em crônicas. A inédita exposição O Rio de Mário, Rubem e João apresenta uma abrangente pluralidade sobre as crônicas de Mário Lago, Rubem Braga e João Antônio, o que a torna um marco na cultura nacional. Três dos principais cronistas brasileiros que possuíam visões absolutamente distintas da cidade e que sempre tiveram uma relação de amor e desalento com a ex-capital da república, que completa 450 anos. Contornada entre matas e praias e com contradições explícitas, os cenários transcritos para as obras se destacam pelo antagonismo entre os três. Enquanto o lirismo de Rubem Braga enxerga a cidade com romantismo, Mário Lago retrata a boêmia com passionalidade e João Antônio, por sua vez, mostra o submundo e se debruça sobre a face mais underground do Rio. Essas oposições são latentes na exposição gratuita que inaugura no próximo dia 20/07, às 19 h, no Arte Sesc, com curadoria de Selma Caetano. A exposição fica no palacete cultural até 13/09, de terça a sexta, das 10 h às 19 h e, aos sábados e domingos, das 10 h às 17 h.

Em seis salas com uma impressionante arquitetura, a ocupação se divide em vídeos, espaços temáticos e referências literárias para contar a história dos saudosos cronistas. Na entrada, grandes autorretratos dos três convidam para um mergulho na visão dos escritores a partir dos bairros em que viviam. Rubem Braga, do alto de sua cobertura de Ipanema, retrata um Rio abundante e solar, com majestosas amendoeiras, pássaros coloridos e um convidativo mar azul. No entanto, ele não deixava de ver os problemas da cidade e tinha uma visão cruel de Copacabana, como mostra em seu lamento apocalíptico Ai de ti Copacabana!, de 1957, quando profetizava que o bairro seria invadido pelo mar.

Na contramão dessa visão estética da cidade, João Antônio, morador de Copacabana, mais especificamente da Praça Serzedelo Correia, era uma espécie de intérprete do submundo, das suas mazelas e dos personagens marginalizados dos guetos e ruas. Órfão de qualquer romantismo, ele dominava uma linguagem elaborada e malandra, quase única na literatura brasileira. Muitas de suas crônicas nasceram de uma relíquia exposta na mostra: sua fiel máquina de escrever.

O espírito boêmio da cidade é retratado pelas obras de Mário Lago, nascido e criado na Lapa. Ele era um comunista fervoroso e com uma intensa atuação política, clara em suas crônicas. Fluminense doente, Mário também foi ator, diretor, radialista e compositor do clássico Ai que saudades da Amélia, em parceria com Ataulfo Alves; e da marchinha de Carnaval Aurora. Personagem representativo do universo boêmio, sempre presente em suas crônicas, Mário tinha uma curiosidade: só bebia água mineral. Atravessava madrugadas apenas com cafezinho e uma garrafa de água. E se descrevia com frequência: "Sou marxista comunista autônomo", "Eu nasci inconformado. Sou vocacionalmente rebelde" e "Sou endocrinologicamente carioca".

Ao longo da exposição, três vídeos retratam os cenários em que viviam os cronistas. Outros três representam a essência da obra de cada um. O curta Joãozinho da Babilônia, título homônimo do conto de João Antônio, mostra como a mudança do escritor paulistano para o Rio teve um grande impacto em sua literatura. Ele se passa em Copacabana, com locução do ator Marat Descartes e atuação de Daniel Pedro Ferreira, filho de João Antônio. No vídeo que retrata Copacabana, cenas entremeadas por depoimentos de pessoas que conviveram com João Antônio, como o escritor Antônio Torres e o zelador do prédio onde morava. Marat Descartes também narra a crônica filmada de Rubem Braga, Homem do Mar, baseada na obra homônima e adaptada por Selma Caetano, que assina o roteiro dos dois vídeos. Na sala de Mário Lago, entrevistas sobre o artista em monitores e o vídeo Cidadão Fluminense, que denota a paixão do escritor pelo time carioca.

Na última sala da exposição, uma surpresa e deleite para os visitantes. A ambientação de um bar tradicional dos anos 60, com balcão, mesinhas e muita diversão. No lugar das bebidas, dezenas de livros dos cronistas. Nos cardápios, frases e crônicas, além de fac-símiles de matérias e textos publicados em diversos jornais do século passado para estimular a embriaguez na literatura.

A exposição faz parte do projeto idealizado pelo Sesc de três grandes exposições de consagrados cronistas que retratam o Rio em suas obras. A primeira ocupação foi O Cronista Graciliano no Rio de Janeiro, sucesso de público e crítica, que inaugurou em 9 de março e foi prorrogada até o dia 31 de maio. Após a exposição O Rio de Mário, Rubem e João, o Sesc realiza mais uma mostra do gênero até o fim de 2015, em comemoração aos 450 anos da cidade.


O Rio de Mário, Rubem e João – Arte Sesc
Rua Marquês de Abrantes, 99 - Flamengo
Tels.: (21) 3138-1582 | 3138-1634
Data: de 20/07 a 13/09
Horário: de terça a sexta das 10 h às 19 h, sábados e domingos das 10 h às 17 h
Preço: gratuito
Classificação: livre
Realização: Sesc





oficina sobre romance
na estação das letras:
guiomar de grammont



Oficina gratuita com Guiomar de Grammont faz a passagem do primeiro
para o segundo semestre na Estação das Letras

Romance será tema da conversa que tem vagas limitas
e acontece no Museu da República

Reconhecida como importante divulgadora da literatura brasileira em outros países, com atuação este ano como curadora da programação brasileira no Salão do Livro de Paris, a historiadora, escritora, dramaturga, produtora cultural e filósofa Guiomar de Grammont tem a tarefa de encerrar a grade de aulas do primeiro semestre do ano na Estação das Letras, de Suzana Vargas, com a oficina gratuita Como se faz um romance: da Escrita à publicação.

As aulas serão nos dias 28 e 30 de julho, das 18h30 às 20h30, no Museu da República (Rua do Catete, 153). Guiomar vai cruzar a experiência que tem como editora e escritora para contar todos os passos da estruturação e da escrita de um romance, dando dicas e sugestões sobre como publicá-lo e divulgá-lo.

O objetivo é ajudar quem está nesse ramo a alcançar mais leitores.

As inscrições estão abertas aqui: www.estacaodasletras.com.br e pelo tel.: (21) 3237-3947. As aulas serão na Marquês de Abrantes, 177, no Flamengo.





conto e biografia
na estação das letras



Conto e Biografia são temas de cursos na grade de agosto da Estação das Letras: Paulo Scott, Claudia Lage, Jair Ferreira dos Santos são os professores do primeiro tema e Guilherme Fiúza, Claudio Aguiar e Regina Zappa, do segundo. As inscrições estão abertas aqui: www.estacaodasletras.com.br e pelo tel.: (21) 3237-3947. As aulas serão na Marquês de Abrantes, 177, no Flamengo.


A arte do conto – Técnicas Personalizadas de trabalho

O conto como gênero será esmiuçado através da marca que cada escritor imprime na concepção de seus textos.

10/08Paulo Scott – Autor de Habitante irreal, livro vencedor do Prêmio Fundação Biblioteca Nacional 2012; Ainda orangotangos, adaptado para o cinema por Gustavo Spolidoro (o longa-metragem foi vencedor do 13º Festival de Cinema de Milão); além de Voláteis; Ithaca Road e mais quatro livros de poemas, sendo um deles em coautoria com o cartunista Laerte. Também é tradutor e colaborador de revistas, jornais e suplementos de cultura do país.

17/08Claudia Lage – Formada em Letras e em Teatro. Mestre em Estudos de Literatura. Publicou, entre outros, A pequena morte e outras naturezas e Mundos de Eufrásia (finalista do Prêmio São Paulo de Literatura 2010, na categoria Romance Estreante). Autora da telenovela Lado a Lado (Prêmio Emmy Internacional 2013). Escreve para o jornal Rascunho.

24/08Jair Ferreira dos Santos – Poeta, ficcionista e ensaísta, ganhador do prêmio APCA. Autor de A inexistente arte da decepção e de Cybersenzala (contos), entre outros.

quintas-feiras | das 19 h às 21 h | carga horária: 6h/aula | 2x R$ 200,00 | taxa de matrícula: R$ 30,00


A Biografia ou Como Escrever Sobre os Outros

Nestes três encontros com biógrafos de perfil diferenciado, os participantes aprenderão técnicas de trabalho, de pesquisa e de linguagem que poderão ser úteis no momento de escrever seus textos, biográficos ou não. Também serão abordadas as diferenças entre perfil e biografia, biografia ficcional e histórica.

13/08Guilherme Fiúza – Jornalista, autor da biografia de Reynaldo Gianecchini, Giane: Vida, Arte e Luta (Ed. Sextante), além de outras biografias como Meu nome não é Johnny (Record) e Bussunda — A Vida do Casseta (Objetiva).

20/08Cláudio Aguiar – Ficcionista, dramaturgo e ensaísta. Autor de Francisco Julião: uma biografia (prelo da Editora Record). Escreveu também os romances Caldeirão, A volta de Emanuel, A corte celestial, Os anjos vingadores, Lampião e os meninos e Sombra: o menino que não devia chorar. É autor de cerca de dez peças teatrais, destacando-se entre elas Suplício de Frei Caneca.

27/08Regina Zappa – Jornalista, escritora, roteirista e professora universitária. Trabalhou na imprensa carioca e, por mais de 20 anos, no Jornal do Brasil. Publicou, entre outros, Para seguir minha jornada: Chico Buarque e Gilberto bem perto.



quintas feiras | das 19 h às 21 h | carga horária: 6h/aula | 2x R$ 200,00